terça-feira, 4 de novembro de 2014

Filosofia Terapêutica da MedicinaTradicional de Angola


 

©Filosofia Terapêutica da MedicinaTradicional de Angola          
Com mais de cinco mil anos, faz parte da Identidade Histórica e Cultural dos Angolanos - Civilização Banto 
  
Mwalakaji ou Kivwadi (CMI-MTA)                                  
Cuidados materno – infantis na medicina tradicional em Angola 




 Tema MWALAKAJI ou KIVWADI
 
Insere-se no trabalho de investigação para Dissertação do Mestrado em Desenvolvimento e Saúde Global (DSG) – 2010 – 2013, leccionado no Instituto Universitário de Lisboa(ISCTE).



A área escolhida para este trabalho científico, tem como objetivos



1-    Promover a “Reabilitação da especialidade do “Mwalakaji ou Kivwadi”, como forma de suprir as necessidades prementes na área da Saúde materno infantil.
2-  Fortalecer o retorno da Ciência de Cura Tradicional, nesta modalidade terapêutica em Angola e, na Diáspora, angolana-africana, também como forma de integração social das mulheres angolanas – africanas,  imigrantes.
3- Promover a partilha das terapias de Angola, com mulheres de outras proveniências,para o seu bem estar.

Aluna e Autora: Rosa Mayunga 
(C.V) em anexo

Especialista em Medicina Tradicional Chinesa Modelo de Heidelberg – ICBAS – Universidade do Porto.
Licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública – ESTES – Instituto Politécnico de Coimbra.





Resumo: O que é o Mwalakaji ou Kivwadi? 



Mwalakaji ou Kivwadi, são nomes usados em Angola, para designar os Cuidados maternoinfantis na medicina tradicional angolana. É uma especialidade terapêutica de prevenção e cura, que integra várias práticas de sustentabilidade, para o equilíbrio físico e emocional da mãe, e da criança, na preparação e durante a gestação, antes, e após ao nascimento, assegurando um bem-estar e desenvolvimentos saudáveis, às mães e aos recém-nascidos, ao longo da primeira fase de vida, até aos cinco anos, fase considerada a mais problemática.


O “Mwalakaji ou Kivwadi” baseia-se nas seguintes práticas:


1-      Aconselhamento e apoio afectivo dos cônjuges mal saibam da existência da gravidez.
2-  Acompanhamento da parturiente ao longo da gravidez, através da dieta (alimentação nutritiva e biológica), massagens e conforto afectivo.
3-    Acompanhamento da parturiente durante e após o parto e, durante a amamentação, através da dieta (alimentação nutritiva e biológica), massagens, fitoterapia.
4-     Acompanhamento e orientação da parturiente, na forma  dos cuidados  a ter com os recém nascidos, tendo em conta a amamentação, alimentação, fitoterapia, massagens, higiene e vestuário, do recém-nascido.
5-      Acompanhamento e orientação da parturiente nos cuidados com o desenvolvimento físico e emocional, seu e da criança, através do uso de certas práticas tradicionais de observação, para despiste de qualquer anomalia auditiva, ocular, ou outras.
6-    Acompanhamento e orientação da parturiente de forma a dar ao recém nascido todas as condições ambientais e lúdicas, para que possa desenvolver-se harmoniosamente, carinho, musicoterapia, espaços amplos e protegidos, um chão limpo e disponibilidade dum adulto, para o seu acompanhamento.


Objectivos e contribuição para a saúde pública

1-     Reduzir o índice elevado de mortes materno – infantis.

2- Prevenir as mortes neonatais, através da alimentação natural (nutrição), dos cuidados e apoio afetivo que o Mwalakaji – Kivwadi disponibiliza. 

3-     Manter o equilíbrio demográfico, através da sustentabilidade social comunitária e participativa, uma vez, que as práticas do Mwalakaji, envolvem a participação da família, vizinhos e amigos, prevenindo a desestabilização social.






Contribuição científica 


As terapias materno-infantis, da Medicina Tradicional de Angola, inserem-se no ramo das etnomedicinas,  estudadas e investigadas um pouco por todo mundo. No caso de Angola ela empenha o papel primordial na prevenção da doença, reunindo, também, condições terapêuticas para as várias enfermidades.



Contribuição histórica patrimonial e do Direito

As terapias materno-infantis da Medicina Tradicional de Angola, são um legado ancestral, preservado pelos nossos antepassados ao longo de milénios. Faz parte da Identidade Histórica e Cultural dos angolanos, desta forma, tal como o petróleo, os diamantes e qualquer outro recurso mineral, estão salvaguardados por Leis do Direito Consuetudinário e Constitucionais, da nossa Nação.



Contribuição ao longo de milénios

Os Povos de Angola viveram ao longo de 500 (quinhentos) anos com imposições políticas externas coloniais, durante cerca de 300 anos, os seus Governos Tradicionais espalhados por todo o território, lutaram com firmeza, corpo a corpo, dando por vezes as suas vidas na defesa dos Povos e da integridade territorial.
Porém, nos restantes 200 (duzentos) anos a violência da colonização impôs com o uso de armas automáticas de guerra, que quase dizimou os Povos de Angola, levando a que alguns dos nossos Soberanos em defesa dos Povos, assinassem protocolos de Paz. Vindo depois a efectivar-se a implantação colonial, ao longo  do território de Angola, com todas as perdas e Direitos dos Nacionais, sobre os seus bens e destinos da Nação.

 
Contribuição Económica




A Medicina Tradicional de Angola,  podemos dizer que é uma Medicina verdadeiramente Humana e eficaz, pelo seguinte:


1-     É menos traumática.

2-   É solidária, todos podem participar na sua aplicação desde que devidamente preparados e prevenidos em relação a assepsia. (Avós, Tias, Irmãs, Amigas, Vizinhas e Maridos) têm sido os praticantes do Mwalakaji, encontrei alguns em Portugal, a ajudarem as suas Mulheres.

3-  Não é dispendiosa, pois a Natureza em Angola concedeu os benefícios de doar aos angolanos, plantas, raízes, tubérculos, minerais, que servem para estas terapias.
.
4-    Pode-se rentabilizar, criando as condições necessárias para uma investigação, preparação, catalogação e até de venda dos respectivos produtos, nos diversos mercados, ao invés de estarmos a permitir que alguns deles saiam clandestinamente do país, rentabilizando terceiros, e que nem sequer cumprem com as regras de fiscalidade e aduaneiras de Angola.
 
5-  Existem Técnicos especializados e outros com a sua longa experiência no terreno, e que podem ajudar contribuindo na elevação e rentabilização desta área tão importante para os Povos de Angola e que apenas deve dizer respeito aos angolanos.

6-   Também na formação-educação-saúde e para saúde- e gestão da Saúde Pública Nacional, é uma área que deixaríamos de precisar de gastar e pagar serviços externos, que ao invés de curarem ou prevenir estão a dizimar as populações! Bastará apenas olharmos para os cemitérios e contabilizarmos as mortes diárias, do Norte a Sul!

7-  Havendo vontade Política, e havendo a Força dos Povos, para que tudo isso funcione. Está ao nosso alcance.



Que assistência Médica os angolanos tinham nos séculos da colonização?

Ao longo dos séculos da colonização, não existia em Angola, um sistema de saúde colonial, que cuidasse da saúde dos Povos originais, apenas eram assistidos alguns homens e crianças, que serviam como mão de obra escrava – o (Kimbangula), como era chamado pelos Povos.
Os angolanos  para prevenirem doenças ou para as curar, recorriam a sua Medicina Tradicional, entre elas as terapias materno-infantis, e era assim, até aos anos 70 (setenta), quando fomos todos em massa vacinados no braço esquerdo, com uma espécie de aparelho que parecia um “black&decker”!



Quais eram os índices de mortes materno infantis das populações angolanas no tempo colonial?

Na verdade, recordando os anos 50, 60 e 70 (cinquenta, sessenta, e setenta), precisamente os que antecederam a Independência de Angola, as populações morriam algumas, de doenças, outras por causa das guerras, devido o interesse colonial, mas não existia um índice elevado de mortes materno infantis, como o que existe actualmente.
Tal facto, não se deveu a ordens de preocupação, do governo colonial, em relação aos Povos originais de Angola, até porque eram tratados desumanamente, mas, demonstra efectivamente, a eficácia das terapias da Medicina Tradicional de Angola, e em especial as terapias materno-infantis, usados pelos próprios Povos de Angola, desde a antiguidade!



Qual a importância e o reconhecimento Institucional, deve ter a Medicina Tradicional de Angola, e nomeadamente as Terapias do Mwalakaji ou Kivwadi?
 
1-      A realidade preocupante, dos cuidados de saúde materna-infantil em Angola, o elevado índice de mortes materno-infantis,  os apelos de preocupação de alguns Médicos representantes dos serviços de Pediatria, o apelo de investigadores nas áreas da saúde, os dados divulgados pelas organizações internacionais.

2-      Não basta apenas, dizer para o efeito, de que é um Património ancestral de todos os angolanos, mas, resta acrescentar de que a Medicina Tradicional de Angola, tem tempo o suficiente, para ter mostrado a sua eficácia, na cura e prevenção de doenças. Factos testemunhados em primeira fonte pelos nossos antepassados e os mais recentes, Pais e Avós, e também registados por vários antropólogos, e etnólogos de várias proveniências.  Citarei apenas um: Raúl Asua Altuna ; “Cultura Tradicional Banto”. O Trabalho de investigação por mim desenvolvido. A constactação e o acompanhamento em trabalho de campo, percebendo, como as Mulheres recorrem a estas terapias de Angola.

3-  O factor humano, acolhedor e preservador da Família e das comunidades. O facto de serem Terapias promotoras de Paze da Solidariedade.

4-     É possível dizer-se com firmeza, que os Povos que hoje governam, Angola, foram tratados na sua infância e juventude, através da sua Medicina Tradicional.

5- O facto das Mulheres angolanas na diáspora europeia, usarem as terapias Tradicionais da Medicina Tradicional de Angola, entre elas as Terapias materno-infantis, a comprovação da  existência de Mulheres europeias, a servirem-se destas terapias, devido a sua eficácia quer a nível do bem estar físico, emocional e espiritual, justifica, mais do que nunca, a importância e o reconhecimento Institucional da Medicina Tradicional de Angola!

A importância já é toda, o devido reconhecimento é fundamental.
 
Por: Rosa Mayunga
Todos os direitos reservados.
17 de Outubro de 2012


Sem comentários:

Enviar um comentário